Por que grandes empresas estão investindo em Retrofit como estratégia de negócios?
- THIAGO REPOSSI
- 4 de set.
- 3 min de leitura
Thiago Repossi
CEO e fundador da Loc27
MBA em gerenciamento de obras
O modelo já se tornou comum em grandes centros urbanos como no Rio de Janeiro e São Paulo, onde edifícios antigos têm sido transformados em prédios modernos com alto valor agregado.
Segundo análise da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), a demanda por escritórios modernos e bem localizados cresceu significativamente no pós-pandemia na Grande Vitória, onde há carência de imóveis corporativos atualizados. Neste cenário, o Retrofit vem ganhando protagonismo ao revitalizar ativos já existentes e alinhar empresas às novas demandas de mercado.
O movimento tem recebido impulso de linhas de crédito específicas, como a anunciada pela Caixa Econômica Federal em fevereiro de 2025, onde o banco fará a antecipação de até 50% do valor dos recursos para o incorporador, além da possibilidade de utilizar o crédito para a compra do terreno e do imóvel original a ser reformado. Desta forma, o Retrofit torna-se não apenas uma alternativa arquitetônica, mas também uma oportunidade de investimento atrativa para empresas de grande porte.
Assim, organizações começam a utilizar o Retrofit como estratégia de negócios, requalificando prédios com décadas de uso, modernizando sistemas de climatização, segurança e acessibilidade, atualizando fachadas e ampliando a vida útil das construções. Além disso, a técnica reduz a necessidade de demolições, evita desperdícios e reaproveita estruturas, diminuindo o impacto ambiental e reforçando compromissos de governança corporativa e responsabilidade socioambiental. Ou seja, ao mesmo tempo em que devolve competitividade aos imóveis, o Retrofit também responde às agendas de sustentabilidade, fortalecendo aspectos de ESG nas corporações.
Casos recentes reforçam a relevância do tema. No Rio de Janeiro, por exemplo, um prédio projetado por Lúcio Costa, arquiteto mundialmente conhecido pelo Plano Piloto de Brasília, e construído em 1969 está sendo transformado em residencial com mais de 154 "estúdios", com impacto econômico estimado em 60 milhões de reais. Em São Paulo, programas municipais incentivam esse tipo de modernização como parte de políticas de requalificação urbana.
Da mesma forma, iniciativas semelhantes começam a ganhar espaço em Vitória. Com a proposta de benefícios fiscais e flexibilizações para estimular a renovação de prédios, surge a Lei n° 9.882/2022 que prevê parâmetros e incentivos para o Retrofit de imóveis edificados localizados no bairro Centro, incluindo a isenção de imposto predial e territorial urbano.
Vale ressaltar que o Retrofit não se resume somente em obras de revitalização de prédios históricos, o método também tem sido amplamente aplicado no setor comercial e industrial. Recentemente, a Loc27 realizou obras de Retrofit em diversas unidades da Autoglass, referência nacional no setor automotivo. O projeto surgiu do desafio de modernizar unidades já existentes para torná-los mais funcionais e adequados ao crescimento da empresa. A solução envolveu revitalização estética, desde as fachadas quanto aos espaços comerciais, melhorias de infraestrutura e requalificação de ambientes internos. O resultado foi a criação de espaços mais confortáveis e eficientes, capazes de elevar a produtividade, valorizar os patrimônios e transmitir uma imagem corporativa mais forte e alinhada às exigências contemporâneas do mercado.
Investir em Retrofit tornou-se uma estratégia para grandes empresas, concedendo a possibilidade de extrair valor de ativos já existentes, reduzir prazos em comparação com novas construções, acessar linhas de financiamento atrativas, alinhar-se a práticas ESG e ao mesmo tempo oferecer espaços mais modernos e produtivos para seus colaboradores.
Em um mercado cada vez mais competitivo e pressionado pela sustentabilidade, o Retrofit se consolida como resposta inteligente às necessidades de crescimento e adaptação das empresas.
