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Energia solar para empresas: ainda vale a pena investir em usinas fotovoltaicas?

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    THIAGO REPOSSI
  • há 2 horas
  • 4 min de leitura

Thiago Repossi

Thiago Repossi

CEO e fundador da Loc27

MBA em gerenciamento de obras


Com quase 50% do valor da conta de luz formado por impostos, subsídios e encargos, o Brasil tem uma das tarifas mais caras do mundo. Nesse cenário, empresas de diferentes setores buscam alternativas como a energia solar para reduzir custos e ganhar competitividade.


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Usina solar com seta apontando para cima, representando um gráfico positivo
segundo Agência Internacional para as Energias Renováveis, o Brasil é um dos países com menor custo de geração de energia renovável no mundo (fotomontagem sobre Zsuzsa Bóka/Pixabay)

O preço da energia elétrica é um dos maiores desafios para as empresas brasileiras. Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), nos últimos 15 anos a conta de luz subiu 45% acima da inflação. E em setembro deste ano, pelo terceiro mês seguido, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara do sistema.

Ao mesmo tempo, o Brasil é reconhecido pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) como um dos países com menor custo de geração de energia limpa do mundo. Esse contraste explica por que tantas empresas estão acelerando investimentos em usinas fotovoltaicas próprias.


Estes e outros fatores têm contribuído para a rápida transição energética no país. Ainda de acordo com a IRENA, 88% da matriz energética do Brasil já é composta por fontes de energias renováveis. Assim, a aquisição de usinas fotovoltaicas torna-se um investimento atrativo para diversos negócios que precisam de refrigeração contínua, iluminação em larga escala ou funcionamento ininterrupto, como supermercados e galpões, por exemplo.


Para essas empresas, investir em energia solar pode significar uma economia de até 90% na conta de luz, o que libera recursos para serem aplicados em áreas estratégicas, como expansão, modernização ou marketing.


Além da economia, a energia fotovoltaica apresenta um retorno sobre o investimento previsível e atrativo. Em média, o retorno acontece entre três e cinco anos, enquanto a vida útil do sistema ultrapassa 25 anos. Atrelado a isso, quanto maior o consumo de energia, maior tende a ser o retorno após instalação da usina.


Isso garante décadas de operação com custos energéticos muito abaixo do mercado, transformando a energia solar em uma decisão estratégica de negócios, e não apenas em uma medida ambiental.


Outro benefício está na valorização da marca e no ganho de competitividade. Empresas e negócios que adotam energia limpa transmitem uma imagem de responsabilidade ambiental que conquista clientes mais conscientes. Já para galpões e indústrias, investir nesse tipo de tecnologia pode ser um diferencial na hora de fechar contratos com grandes players que priorizam fornecedores alinhados a práticas ESG.


Essa escolha também contribui para a previsibilidade financeira, já que reduz a dependência do sistema elétrico convencional e protege o negócio de oscilações tarifárias e eventuais problemas de fornecimento.


A energia solar ainda acompanha o movimento de expansão do mercado brasileiro. O crescimento do e-commerce e da logística impulsiona a construção de galpões cada vez maiores, e incluir usinas solares desde o início da obra amplia a eficiência operacional e reforça o posicionamento da empresa como parceira sustentável.


Além disso, existem diversas linhas de financiamento e incentivos específicos disponíveis no mercado, que facilitam a implementação sem comprometer o fluxo de caixa, e o cenário se torna ainda mais atrativo.


Em 2018, por exemplo, a legislação brasileira instituiu a PRONASOLAR (Política Nacional de Energia Solar Fotovoltaica) que estabeleceu Isenções fiscais ou redução de tributos como PIS/Cofins para energia elétrica gerada por sistemas solares (micro ou minigeração) que compensem energia da distribuidora e regras para ligação desses sistemas ao sistema elétrico de forma justa, regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para gerar/compensar energia.


Por outro lado, recentes mudanças na legislação, como a MP 1.300/2025 que foi aprovada em 17 de setembro, têm gerado preocupação no setor de energia solar.


Como a MP 1.300 impacta o planejamento de energia solar em obras


Entre os pontos em discussão estão a criação de tarifas fixas para quem gera a própria energia e a redução de incentivos que historicamente tornaram esse tipo de investimento mais atrativo. Na prática, isso pode alongar o tempo de retorno das usinas fotovoltaicas e reduzir a economia esperada em determinados cenários.


Para empresas que planejam grandes obras, como galpões logísticos, supermercados ou indústrias, esses ajustes regulatórios exigem um cuidado maior no planejamento. Avaliar prazos de implantação, contratos e alternativas de fornecimento de energia se torna essencial para manter a previsibilidade de custos.


Em projetos de grande porte, pequenas variações tarifárias podem representar milhões de reais ao longo da vida útil do empreendimento, o que torna o tema parte estratégica do planejamento construtivo.


Do ponto de vista da construção, integrar sistemas fotovoltaicos desde a fase de projeto segue sendo uma decisão inteligente. Além de permitir uma melhor adequação da infraestrutura elétrica e estrutural, isso também protege o empreendimento contra riscos de futuras mudanças de regra, já que a legislação costuma preservar os direitos adquiridos de contratos já registrados. Incorporar a energia solar no projeto inicial também evita retrabalhos, amplia a eficiência operacional e valoriza o imóvel diante de clientes e investidores.


Ainda que a MP traga incertezas, o movimento de transição energética no Brasil é irreversível. Empresas e incorporadoras que antecipam esse passo não apenas reduzem custos, mas também se posicionam como parceiras sustentáveis e preparadas para um mercado cada vez mais exigente em critérios de eficiência e ESG.


Em outras palavras, mesmo diante de um cenário regulatório em evolução, planejar a energia solar como parte da obra continua sendo uma decisão que fortalece a competitividade e garante um legado sólido para os empreendimentos.

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